Cartas De Um Tecelão


      

        No princípio de tudo, houve um fim. E deste fim, houve um recomeço. O seu começo.

         Antes de tudo que sabem e conhecem, haviam outras coisas que outrem sabia e conhecia.

         Não existiam galáxias, não existiam sois, nem planetas, nem estrelas, ou mesmo a vida.

         Existiam outras coisas que não podem saber ou conhecer, mas existiam.

         Esse outro universo também começou de um final, que por sua vez, também já fora um recomeço.

         Assim como os infinitos que vieram antes deste.

         Cada um dele, em seu devido momento, existiu, para logo em seguida não existir mais.

         Cada um deles, enquanto existia, se expandiu, como um tecido sendo esticado para todos os lados.

         Essa é a única coisa que um universo pode fazer, se expandir.

         As coisas que existem nos universos são como pesos sobre esse tecido, quanto mais uma coisa existe, mais ela pesa.

         E em um certo momento, como todo tecido esticado que possue pesos, esse universo se rasga.

         O fim.

         Mas desse fim, dos trapos e farrapos do último universo, um novo é costurado, que por sua vez, também se expandirá e rasgará.

         E nele existirão coisas que em nenhum outo, antes ou depois dele, existirão.

         A única coisa que esses universos têm em comum é o fato de que todos eles existiram, existem e existirão.

         Digo isso com firmeza, pois fui eu, Existência, que teci cada um deles.

         Por isso as coisas existem.

         Pois fazer as coisas existirem é a única trama que sei passar no tear.

         É assim desde que estou aqui.

         Não era assim antes de mim, e não mais será quando eu também me rasgar.

         Apenas uma coisa é certa:

         Outrem também usará de meus trapos e farrapos para tecer algo novo.

         Talvez com alguma trama que eu não saiba nem conheça.

Comentários

  1. De fato uma análise subliminar do espaço tempo dentro do tema, top!👌

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